quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

TODO MUNDO PODE "DASH"


Este material foi publicado no Food Insight deste mês (dezembro de 2010), propondo que TODO MUNDO PODE DASH (Everyone can DASH), ou seja, todo mundo pode seguir a Dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), um dieta para prevenir e tratar a hipertensão arterial.
A hipertensão arterial é um dos fatores de risco principais para doença cardiovascular e acidentes vasculares cerebrais, as doenças crônicas não-transmissíveis que são as maiores causas de morte no mundo nos dias de hoje. Afeta igualmente homens e mulheres, embora tenha uma prevalência desproporcionalmente mais alta em pessoas de origem africana em relação àqueles da raça branca. Aproximadamente 1/3 dos americanos são portadores de hipertensão arterial. Outro 1/3 são considerados pré-hipertensos. Porque a hipertensão tende a aumentar com a idade, existe um interesse em se manter níveis mais baixos de pressão arterial na população, de maneira geral.
Com a prevalência da hipertensão arterial continuando a crescer, ênfase ainda maior tem sido colocada sobre as estratégias para preveni-la e tratá-la. A Dieta DASH é um planejamento dietético que tem reconhecidamente se mostrado útil para estes fins desde 1997, quando foi proposta por pesquisadores num artigo publicado no New England Journal of Medicine. O DASH Trial (ensaio clínico), como foi conhecido, propunha uma dieta rica em frutas, legumes, laticínios com baixo teor de gordura (portanto, rica em fibras, cálcio, magnésio e potássio) e com baixo teor de gorduras totais e gorduras saturadas, que se mostrou eficiente em reduzir os níveis de pressão arterial de tanto hipertensos como de pessoas com níveis pressóricos dentro da normalidade (normotensos). Os participantes deste trial mantiveram o seu peso e ingestão de sódio constantes (3.000 mg por dia).
 
Associada à exercícios e restrição calórica em pacientes com excesso de peso (sobrepeso e obesidade), a dieta DASH se mostrou eficiente em aumentar a sensibilidade à insulina, assim como melhorar o perfil lipídico e a função neurocognitiva. O efeito da Dieta DASH em reduzir a pressão arterial se mostrou ainda maior quando combinada à redução da ingestão de sódio, particularmente entre americanos de origem africana.
Detalhando o padrão alimentar da dieta DASH, ressaltamos a importância de se manter boa ingestão de:
  • frutas;
  • hortaliças (legumes e verduras);
  • laticínios sem ou com baixo teor de gordura;
  • cereais integrais;
  • carnes magras (como peixes e carne de aves sem pele);
  • sementes oleaginosas (como as nozes e castanhas).
 
O NHLBI - ou National Heart, Lunh and Blood Institute's, entidade americana de referência em doenças do coração, pulmão e sangue - vai além, acrescentando às recomendações da dieta DASH, como parte de um estilo de vida saudável:
  • redução da ingestão de sódio; 
  • controle do peso;
  • aumento da atividade física;
  • consumo limitado de bebidas alcoólicas, carne vermelha, doces, açúcar de adição, bebidas adocicadas, gorduras totais, gorduras saturadas e colesterol.
Um Guia sobre "como abaixar a sua pressão arterial com a dieta DASH" é encontrado em:
 
                                   http://www.nhlbi.nih.gov/health/public/heart/hbp/dash/

Neste Guia, comenta-se que, embora a dieta DASH proponha a ingestão de 2.300 mg de sódio/dia, a redução para 1.500 mg/dia pode proporcionar benefícios ainda maiores. A ingestão de fibras deve ser em torno de 30 g/dia, de magnésio 500 mg/di, de cálcio 1.250 mg/dia, de potássio 4.700 mg/dia, de colesterol 150 mg/dia, com 55% das calorias totais como carboidratos, 18% de proteínas e 27% de gorduras (sendo 6% de gorduras saturadas)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

LEITE

O leite de vaca é um dos alimentos mais antigos consumidos pelo ser humano. Apesar de ser produzido com a finalidade de alimentar o bezerro, foi sendo, aos poucos, introduzido na alimentação e, nos dias atuais, é utilizado tanto na forma líquida como em uma infinidade de preparações culinárias. Especificamente no que diz respeito ao seu uso pelas crianças, pode ser apresentado de várias formas, o que gera, algumas vezes, confusão e dificuldade na escolha. Vamos, então, tentar esclarecer dúvidas comuns através de algumas definições:
Leites tipo A, B e C: as letras referem-se não ao teor de gordura ou de água, como muitas pessoas pensam, mas sim ao controle microbiológico:
•Leite tipo A — é um leite integral, ordenhado mecanicamente, mantido resfriado abaixo de 10°C até ser processado, no mesmo local de ordenha. É o de melhor qualidade microbiológica, com os mais baixos limites de tolerância para presença de bactérias em geral, com ausência de coliformes fecais;
•Leite tipo B — é um leite integral, ordenhado de preferência mecanicamente e transportado resfriado abaixo de 10°C, até no máximo por seis horas, entre a ordenha e o início do processamento. Apresenta limites intermediários para a presença bacteriana em geral, tolerando a presença de coliformes fecais até 1,0/ml;
•Leite tipo C — leite ordenhado manualmente, sem resfriamento obrigatório, sendo transportado, com algumas exceções, em temperatura ambiente do local de ordenha até o início do processamento. Apresenta os limites mais elevados para a presença de bactérias em geral, tolerando a presença de coliformes fecais até 2,0/ml.
Também se pode classificar o leite de acordo com o método de conservação:
Leite “de saquindo”: depois de ser pasteurizado é conservado pelo resfriamento e tem prazo de validade curto;
•Leite UHT: sofre um processo chamado de ultrapasteurização, em que é submetido, durante 2 a 4 segundos, a uma temperatura entre 130 e 150° C e imediatamente depois é resfriado a uma temperatura inferior a 32° C;
Leite “longa vida”: é o leite UHT envasado em embalagens assépticas (caixinha) especiais que permitem conservação por mais tempo.
Por fim, podem ser classificados de acordo com o teor de gordura:
•Leite integral: com cerca de 3% de gordura;
•Leite semi-desnatado: com cerca de 2,9% a 0,6% de gordura;
•Leite desnatado: com até 0,5% de gordura

E o leite em pó? Nesse caso, trata-se apenas de um processo industrial em que se retira a água do leite para facilitar o transporte, o armazenamento e a conservação. Mas cuidado: não confunda leite em pó com fórmulas infantis, que são produtos feitos especialmente para a alimentação dos bebês
fonte:http://www.abran.org.br/

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Mãe: educadora e provedora

Uma questão relevante, e que está inteiramente ao nosso alcance, frente ao objetivo de se conseguir uma boa alimentação, diz respeito à qualidade dos produtos que ingerimos. Muitas vezes, nosso critério de escolha acaba se dirigindo mais a outros aspectos, como preço mais baixo, melhores campanhas de marketing, maior disponibilidade, influência de amigos ou de astros de televisão, dentre outras. Na verdade, se ficarmos atentos a alguns critérios simples, podemos fugir das armadilhas mais comuns e conseguir uma alimentação de excelente qualidade, por isso, vamos direto à prática. Abaixo seguem três dicas simples, mas que podem fazer toda a diferença:
Em relação às frutas, aos legumes e às verduras, procure dar preferências aos frescos. Com certeza, eles são bem melhores que as versões em lata, desidratadas, congeladas, etc. Ainda em relação a isso, procure conhecer, a respeito do local em que faz suas compras, os dias em que há entrega dos produtos que você vai comprar, assim você vai consumi-los ainda mais frescos;

Aprenda a consultar o rótulo de tudo que for consumir. Daqui a duas semanas vamos falar mais sobre esse assunto, mas é muito importante avaliar parâmetros como o conteúdo calórico presente em cada porção, o teor de sódio, a quantidade de colesterol e de gordura trans… é comum que alguns produtos (quase sempre mais baratos) apesar de aparentemente idênticos ao concorrente, apresentem um perfil nutricional pior. Isso acontece porque o processo industrial para conseguir alimentos que mantenham adequados sabor, consistência, tempo de validade, etc, a, ao mesmo tempo, sejam saudáveis, costuma ser mais caro, fazendo com que o preço para o consumidor fique mais elevado em relação ao outro, que pode não ter essa preocupação;

O consumo de cereais é sempre elevado em nosso meio e isso é considerado saudável, mas, para que fique ainda melhor, procure dar preferência, sempre que possível, à versão integral. Se tiver, inicialmente, alguma dificuldade em relação ao sabor, opte por misturar uma parte integral com outra refinada, em proporções crescentes. Por exemplo, comece misturando 1/3 de arroz integral com 2/3 do polido. Ou troque 10% da farinha do bolo pela integral. Em relação aos produtos industrializados (macarrão, pães, biscoitos, etc), de novo vale a pena consultar as informações da embalagem e verificar que tipo de cereal é usado no preparo; mesmo que não seja 100% integral, sempre será melhor que a versão totalmente refinada.
Mãe: Provedora de alimentos e Educadora

fonte:http://www.abran.org.br/

terça-feira, 16 de março de 2010

Intolerância Alimentar na infância



INTOLERÂNCIAS X ALERGIAS ALIMENTARES NA INFÂNCIA
Na maioria das vezes, os termos "alergia" e "intolerância" são utilizados de forma incorreta, como sinônimos, para representar uma situação orgânica adversa a algum alimento ou substância alimentar.
Podemos definir as alergias como uma reação exagerada ou uma hipersensibilidade do sistema imunológico a determinadas substâncias estranhas ao nosso organismo, sendo os alimentos, em alguns casos, o agente desencadeador dessa reação. A pessoa alérgica quando exposta a determinado alérgeno (elemento que causa alergia), ativa o sistema imunológico que cria anticorpos para destruir a substância causadora da reação alérgica no organismo. Esses anticorpos especificamente associados às alergias são chamados de anticorpos IgE (abreviação de Imunoglobulina E). A IgE é uma proteína do sistema imunológico que atua como sinalizador.
Portanto, a alergia alimentar envolve um mecanismo imunológico, sendo mediado principalmente por IgE, o qual ocorre dentro do trato digestivo, gerando sintomas após a ingestão do alimento.
Pode ser desencadeada por quaisquer das proteínas da dieta habitual, sendo mais freqüentemente devido às proteínas do leite de vaca, soja, ovo, trigo, carne de vaca, frango ou peixe, amendoim, milho, e mais raramente, às proteínas contidas nos legumes, verduras e frutas.
Já o termo intolerância alimentar refere-se a qualquer resposta anormal a um alimento ou aditivo, sem envolvimento de mecanismos imunes. As reações adversas ocorridas na intolerância podem ser causadas por toxinas produzidas por bactérias, fungos, animais marinhos (ostras e atum); agentes farmacológicos como cafeína (café, chá, cacau), histamina (peixe, vinho, cerveja, chocolate, queijos), teobromina (chocolate, chá), tiramina (queijo, abacate, laranja, banana, tomate); erros metabólicos por deficiências enzimáticas, dentre as quais estão as dissacaridases (lactase, sacarase-isomaltase, galactase); idiossincráticas a um alimento ou substâncias químicas no alimento, nos quais estão envolvidos os aditivos alimentares como conservantes, intensificadores de sabor (glutamato monossódico), agentes corantes, como a tartrazina (corante responsável pelo tom amarelado nos produtos, como gelatinas, balas, sucos em pó).
Reações adversas a alimentos são mais comuns em crianças de baixa idade, o que pode ser relacionado, em parte, com os hábitos de alimentação da população avaliada.
A incidência da alergia alimentar dá-se principalmente dentro dos primeiros seis meses de vida, afetando especialmente lactentes que receberam aleitamento natural por um período de tempo muito curto ou então, aqueles que se viram totalmente privados da prática do aleitamento natural.
A intolerância ao leite de vaca é um fenômeno observado com freqüência na prática pediátrica. A intolerância aos carboidratos do leite ocorre principalmente durante o estado agudo das diarréias graves e, nesses casos, a alimentação com fórmulas à base de leite de vaca prolongam a diarréia que, algumas vezes, torna-se crônica.
O estabelecimento do diagnóstico da alergia alimentar deve ser cuidadoso, pois implica em restrição alimentar que, se realizada inadequadamente, pode causar déficit pôndero-estatural e prejuízos sociais ao paciente. Os principais destaques para o diagnóstico da alergia alimentar são:• história compatível;• regressão dos sintomas com a exclusão do alimento suspeito;• retorno dos sintomas com a reintrodução do alimento (teste de provocação oral ou desafio);• testes laboratoriais e/ ou cutâneos positivos.
Terapia Nutricional
A única terapêutica comprovada para alergia alimentar é a dieta de exclusão, ou seja, a eliminação total do alimento causador, fazendo-se necessária orientação aos pais, principalmente no que se refere à leitura dos rótulos dos alimentos, sendo ensinados quanto aos vários sinônimos comuns em alimentos industrializados e quanto a adaptação de recipientes utilizados. Os parentes mais próximos e educadores também devem ser orientados garantindo, assim, a realização da terapia e a total exclusão dos compostos alérgenos. Para a dieta de exclusão, tem sido definido como ideal um período de tempo mínimo de oito semanas.
A dieta deve ser adaptada a cada paciente e a certeza de sua realização deve ser sempre confirmada. É comum os pais de crianças com alergia alimentar (que seguem dieta de exclusão com sucesso), depararem-se com familiares e amigos que não acreditam no diagnóstico da alergia alimentar e oferecerem alimentos proibidos à criança, causando reações.
Muitas vezes, os hábitos alimentares de toda a família é modificado e as idas a restaurantes torna-se um problema. As chances de contaminação cruzada em restaurantes durante o preparo e a cocção são muito altos, pois é comum a prática de cozinhar vários tipos de alimentos em um mesmo utensílio. Como resultado, a comida frita pode conter proteínas de outros alimentos cozidos no mesmo óleo. Recomenda-se que a criança com alergia alimentar prefira alimentos de preparo simples, como batata assada, vegetais cozidos no vapor, carnes cozidas.
As fórmulas à base de proteína de soja são utilizadas com freqüência no tratamento da alergia às proteínas do leite de vaca e nas intolerâncias aos carboidratos contidos no mesmo 7. Porém, deve-se ter atenção ao uso dessas fórmulas, pois apresentam limitação devido à ocorrência de hipersensibilidade em até 50% dos casos.
Lactentes com diagnóstico de enterocolite induzida pelo leite de vaca devem passar a receber fórmulas hipoalergênicas, considerando que 50% desses, podem desenvolver enterocolite quando alimentados com fórmulas à base de soja.
A probabilidade do desaparecimento dos sintomas parece depender da aceitação da dieta de exclusão e do alimento específico que provoca os sintomas. As alergias ao amendoim, nozes, peixes e a outros frutos do mar são as de maior duração, possivelmente persistindo por toda a vida.
Recomenda-se que as crianças alérgicas sejam submetidas ao desafio alimentar a cada 1 ou 2 anos. No caso do amendoim, nozes e frutos do mar, o desafio deve acontecer a cada 4 ou 8 anos, para determinar se a alergia persiste. Não existem evidências de que os indivíduos que se tornaram livres da alergia alimentar desenvolverão novamente uma reatividade sintomática após a reintrodução do alimento na dieta.
Na dieta de exclusão de leite e substitutos, é importante monitorar a ingestão de cálcio, vitamina D e riboflavina. A diminuição dos níveis de cálcio pode contribuir para a redução da massa óssea, o que favorece fraturas na infância e o aparecimento de osteoporose na idade adulta.
Crianças com alergia múltipla devem ser encaminhadas para um profissional Nutricionista para assegurarem-se que a dieta de eliminação da criança seja nutricionalmente adequada.
• Para os casos de intolerância à lactose, a indústria leiteira colocou no mercado leites nos quais a lactose foi previamente hidrolisada em até 80%, tornando-os toleráveis. Podem ser encontrados em forma líquida ou em pó - esse último é mais facilmente encontrado.
Outras alternativas à substituição do leite de vaca nos intolerantes à lactose são: a utilização de produtos lácteos fermentados, como iogurte, no qual a lactose é parcialmente hidrolisada, ou substituição do leite por fórmulas à base de proteína de soja que possui, como fonte de carboidrato, a sacarose ou a dextrino-maltose.
Nos casos de intolerância congênita à lactose, que se caracteriza pela ausência ou intensa deficiência isolada de atividade lactásica, que acomete crianças recém-nascidas, a terapia indicada é a exclusão de leite materno, leite de vaca e cabra (utilizados por nossa população). Indica-se, nesses casos, o extrato de soja, preparado a partir do grão, ou fórmulas lácteas sem lactose. Os demais alimentos podem ser introduzidos mais tardiamente, como os vegetais, frutas, carnes e ovos. É preciso estar atento ao uso de alimentos industrializados, pois costumam conter leite em sua formulação, como chocolates, bolachas, bolos, sorvetes de massa e muitos outros.
O conteúdo de lactose em iogurtes mantém-se em níveis de 70 a 90% comparado ao leite integral. A tolerância ao iogurte nos pacientes hipolactásicos, deve-se, provavelmente, à atividade da β-galactosidase existente no mesmo, pois age no duodeno, desdobrando a lactose do alimento ingerido.
Observa-se nível baixo de lactose nos queijos, porém com grande variabilidade segundo os tipos de queijos estudados. Os queijos nos quais não ocorre retirada da maior parte do soro, como os tipos minas frescal, coalho e requeijão, apresentaram valores superior a 1,0 g %, enquanto que nos demais como, muçarela, prato, gouda e estepe, os valores ficaram entre 0,03 e 0,3 g %.
A quantidade habitualmente consumida pela população (uma fatia média corresponde a cerca de 40 g) deve ser bem tolerada pela maioria dos hipolactásicos.Em muitos casos, a intolerância à lactose faz com que pessoas reduzam ou eliminem leite e derivados de sua dieta. Esses alimentos são a maior fonte dietética de cálcio, por isso é importante que se estabeleça a tolerância alimentar para que se determine um consumo diário em uma dose que a pessoa sinta-se confortável, ou seja, que não apresente sintomas.
Texto de:
Vivian Cunha. (Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/8510080839281670 )